sábado, 16 de fevereiro de 2013

Silver Arrow - Parte 1

Silver Arrow é Flecha de Prata em inglês, mas não falaremos de arco-e-flecha, e sim, de 4 rodas, muita potência, homens corajosos com cheiro de gasolina no ar e de fumaça nos cabelos.

Auto Union Type A, Mercedes-Benz SSKL, Alfa Romeo P3. Pode parecer nada, mas em 1934, era tudo.

A Auto Union, formada pelas marcas Audi, DKW, Horch e Wanderer, era reconhecida pelas quatro argolas que utilizava como símbolo, sendo de todas as marcas, a única que resiste é a Audi e ainda utiliza as argolas. Chefiadas por Ferdinand Porsche, o criador do Fusca, fizeram um protótipo de um rápido veículo de corrida: motor central-traseiro, 4.4 de 16 cilindros em V e 64 válvulas (4 por cilindro), dotado de turbo-compressores  acoplado a uma transmissão de 4 marchas em disposição H e tração traseira, despejando 250cv. Maior que isso, foi o espanto dos outros membros da equipe de competição.

O projeto era bom, bastante tecnológico em comparação com a concorrência, mas o principal de tudo: faltava verba. Com os esboços em suas maletas, os engenheiros da Auto Union pediram ajuda financeira diretamente para Adolf Hitler. Hitler havia se tornado chanceler da Alemanha um ano antes (1933), e era público a sua paixão por automóveis. Hitler ficara tão entusiasmado, que liberara a verba da Auto Union no dia seguinte, assim como fez para a Mercedes-Benz (a Alfa Romeo não recebeu a verba por ser italiana). Após encher os cofres das equipes, Hitler chefiou a propaganda e a promoção dos Grandes Prêmios.

Com a situação financeira resolvida, partiram para fazer o carro ganhar vida. O Type A, primeiro modelo de corrida da Auto Union, ganhava traços aerodinâmicos em sua carroceria de alumínio, ganhava também dois tanques de combustível nas laterais, para manter-se estável. O Type A 1 (experimento) gerava com a configuração inicial, 200cv, mais que suficiente para passar dos 250 km/h. Mas ainda não estava pronto, faltavam ajustes.

O segundo protótipo (Type A 2) fora testado, com diversos aperfeiçoamentos em relação ao Type A 1, fora levado para a Pista de Monza, na Itália devido a condição climática, pois a que tinha em Berlim, prejudicava a avaliação. O resultado não poderia ser melhor, cravou-se 260 km/h.

Para leva-lo para a pista, o Type A 2 foi modificado, em que trocaram-se camisas dos cilindros (redução do atrito), turbo-compressor de 0,6 BAR, melhorando significantemente a potência e o torque, pulando para 292cv e 54m.kgf. Para freiar tudo isso, haviam freios-a-tambor com 40cm de diâmetro.

Agora pronto, o Type A (não mais chamado de Type A 2), fora levado para o Circuito de Avus, onde o mesmo quebrou o recorde de velocidade máxima da pista. Estava pronto.

Auto Union Type A 1934, repare no tamanho dos freios.

Não houve o Type B, este fora um mero projeto, mas o Type C, não só saiu do papel, como fora um sucesso.
O Type A ficara em segundo lugar na temporada de 1934, perdendo para a Mercedes e ganhando da Alfa.

O Type C, fora bastante atualizado, sendo a principal mudança, na mecânica (o SSKL tinha mais força). O já poderoso V16 teve sua cilindrada elevada de 4.4 para 6.0, subindo consideravelmente sua potência para 520cv, ainda com turbo-compressor. A carroceria também fora levemente aperfeiçoada, tendo alguns pontos corrigidos em túnel de vento. Podendo cravar uma velocidade acima de 300 km/h, tudo isso, na década de 1930...

Com essa nova carta na manga que a Auto Union possuia, a Mercedes e a Alfa se obrigaram a se atualizar. A Mercedes, também patrocinada pelo governo alemão, preparou um substituto para o SSKL W25. Um novo motor 5.6 de 8 cilindros em linha (não V8, como no W25), nova aerodinâmica e outras coisas, gerando 646cv.

O Mercedes-Benz SSKL W25, o primeiro rival dos Auto Union e o SSKL W125, o último rival.

A Alfa, vendo as novas armas dos rivais, obrigou-se a desenvolver algo totalmente novo. Pediram ajuda a ninguém menos que Enzo Ferrari, o fundador e dono da Scuderia Ferrari.

Enzo propôs um monoposto de dois motores. O Alfa Romeo Bimotore era equipado com dois motores V8 3.2, unidos por um diferencial em "Y". Havia muita força, disponibilizando 540cv nas rodas traseiras. Para manter a estabilidade, também usava dois tanques de combustível nas laterais. Quebrou o recorde de velocidade na pista de Florença, atingindo 321 km/h. Mas apesar de todos esses números exuberantes, o Bimotore foi um total fracasso: era muito pesado e difícil de ser dirigido, desde que competiu, o sua melhor classificação foi o 2° lugar em Avus.

O Alfa Bimotore, tinha bastante potência, mas nenhum controle.

O moderno Type C tinha evoluções muito significativas em relação ao Type A, tanto mecânicas como aerodinâmicas.

Para 1938, houve uma grande regulamentação para a competição: motores com turbo-compressores tinham de ser 3.0, sendo os de aspiração natural 4.5. Os motores deveriam ter 12 cilindros em V, quatro válvulas por cilindro. Ferdinand Porsche havia saido da Auto Union, e precisava de um novo bólido, o Type D. O novo carro foi projetado por Robert Eberan von Eberhorst. Bernd Rosemeyer, era uma das principais figuras da Auto Union, mas morrera num acidente a 430 km/h, testando um protótipo da Auto Union, dando lugar a Tazio Novulari, novo piloto da equipe.

Depois vem a Parte 2!
Silver Arrow - Parte 2 Final

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